ATA DA TRIGÉSIMA SESSÃO SOLENE DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 14-10-2003.

 


Aos quatorze dias do mês de outubro de dois mil e três, reuniu-se, no Anfiteatro Hugo Gerdau do Complexo Hospitalar da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, a Câmara Municipal de Porto Alegre, nos termos do artigo 189, parágrafo único, do Regimento. Às dezenove horas e dez minutos, constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada à entrega do Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor José Sperb Sanseverino, nos termos do Projeto de Lei do Legislativo nº 130/02 (Processo nº 2185/02), de autoria do Vereador Luiz Braz. Compuseram a MESA: o Vereador João Antonio Dib, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Dom Dadeus Grings, Arcebispo de Porto Alegre; o Desembargador Paulo de Tarso Vieira Sanseverino, representante do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul; o Senhor Francisco de Assis Vieira Sanseverino, representante da Procuradoria Regional da República; o Coronel Irani Siqueira, representante do Comando Militar do Sul; o Senhor Paulo Roberto Chaves Cirne Lima, Vice-Provedor da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre; o Senhor Olímpio Dalmagro, Diretor-Geral e Administrativo da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre; o Senhor Jaques Bacaltchuk, Diretor-Médico da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre; o Senhor Geraldo Stédile, Presidente do Conselho de Cidadãos Honorários de Porto Alegre; o Senhor José Sperb Sanseverino, Provedor da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, Homenageado; a Senhora Maria Thereza Sanseverino, esposa do Homenageado; o Vereador Luiz Braz, 3º Secretário deste Legislativo. A seguir, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, ouvirem o Hino Nacional, executado pelo Coral da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre e, após, concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador Luiz Braz, em nome da Bancada do PSDB, historiou a trajetória política do Senhor José Sperb Sanseverino, destacando a atual função exercida pelo homenageado, como Provedor da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre. Nesse sentido, elogiou a sinceridade e firmeza das ideologias políticas do Homenageado e parabenizou o Senhor José Sperb Sanseverino pelo recebimento do Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre. Após, o Senhor Presidente registrou a presença da Senhora Eva Sopher, do Tenente-Médico Giuliano Scornavacca, representante do Hospital da Aeronáutica e, após, foi dada continuidade às manifestações dos Senhores Vereadores. O Vereador Beto Moesch, em nome da Bancada do PP, mencionou seu vínculo com o Senhor José Sperb Sanseverino, lembrando que foi seu aluno na Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS. Também, discorreu sobre a área da saúde pública, apontando necessidades da comunidade e realçando a importância do trabalho prestado pela Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre. O Vereador Elói Guimarães, em nome da Bancada do PTB, discorreu sobre a época em que foi proposta, pelo Vereador Luiz Braz, a concessão do Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor José Sperb Sanseverino, Provedor da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, comentando a relevância do trabalho desenvolvido pelo Homenageado em prol dessa instituição. A seguir, o Senhor Presidente convidou o Vereador Luiz Braz e a Senhora Maria Thereza Sanseverino a procederem à entrega do Diploma e da Medalha alusivos ao Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor José Sperb Sanseverino, concedendo a palavra ao Homenageado, que agradeceu o Título recebido. Em continuidade, foi realizada apresentação artística pelo Coral da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, que interpretou a música “Que Dios Te Bem Diga”. Após, o Senhor Presidente convidou os presentes para, em pé, ouvirem a execução do Hino Rio-Grandense e, nada mais havendo a tratar, agradeceu a presença de todos e declarou encerrados os trabalhos às vinte horas e vinte e três minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador João Antonio Dib e secretariados pelo Vereador Luiz Braz. Do que eu, Luiz Braz, 3º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pela Senhora 1ª Secretária e pelo Senhor Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib):  Estão abertos os trabalhos da presente Sessão Solene destinada a outorgar o Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre a esta extraordinária figura que é o Dr. José Sperb Sanseverino. Compõem a Mesa o nosso homenageado, Dr. José Sperb Sanseverino, Provedor da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre; D. Dadeus Grings, Arcebispo de Porto Alegre; Des. Paulo de Tarso Vieira Sanseverino, representante do Tribunal de Justiça do Estado; Dr. Francisco de Assis Vieira Sanseverino, representante da Procuradoria Regional da República; Cel. Irani Siqueira, representante do Comando Militar do Sul; Dr. Paulo Roberto Chaves Cirne Lima, Vice-Provedor da Santa Casa de Misericórdia; Sr. Olímpio Dalmagro, Diretor-Geral e Administrativo da Santa Casa de Misericórdia; Dr. Jaques Bacaltchuk, Diretor-Médico da Santa Casa de Misericórdia; Sr. Geraldo Stédile, Presidente do Conselho de Cidadãos Honorários de Porto Alegre; representante do V COMAR; meus senhores e minhas senhoras, médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem.

Neste momento, o Coro da Santa Casa de Porto Alegre interpreta o Hino Nacional.

 

(O Hino Nacional é interpretado pelo Coro da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre.)

 

Meus senhores e minhas senhoras, o mundo possui estranhos caminhos. De repente, coisas inesperadas ocorrem. Eu tenho certeza de que, há quatro décadas, três homens, que estão sentados nesta Mesa, nunca imaginariam que se encontrariam nas condições em que hoje aqui estamos. Os três serviram a Porto Alegre na mesma administração do grande Prefeito José Loureiro da Silva: o nosso homenageado, um homem respeitável por todos os títulos, Dr. José Sperb Sanseverino, na oportunidade Secretário do Governo e Vereador; o Sr. Geraldo Stédile,  Vereador naquela época, hoje nosso Presidente do Conselho de Cidadãos Honorários, um homem que serve à Cidade; e este Vereador, que à época também servia na administração Loureiro da Silva. Encontram-se numa noite como a de hoje para fazer uma justa homenagem a alguém que se evidenciou pelo seu trabalho, pela seriedade, pela responsabilidade com que construiu a sua vida para ser útil à comunidade; a um homem que entendeu o que é ser um homem público, sempre preocupado com a coletividade. O Dr. Sperb Sanseverino fez isso. Por isso, nós estamos aqui hoje, em nome do povo de Porto Alegre, porque os Vereadores representam a totalidade do povo porto-alegrense, e o povo porto-alegrense disse, por unanimidade, que o Dr. Sanseverino merece a homenagem que vai receber da Cidade que tanto ama, para a qual tanto se dedicou e que é a sua vida.

De imediato, eu concedo a palavra ao Ver. Luiz Braz, autor da proposição, que foi aprovada por unanimidade. (Palmas.)

 

O SR. LUIZ BRAZ: Exmo. Sr. Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, Ver. João Antonio Dib; Srs. Vereadores aqui presentes; nosso homenageado, Dr. José Sperb Sanseverino, Provedor da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Eu cumprimentei tantas autoridades quando estava na porta de entrada que, eu acredito, se o serviço de Relações Públicas fosse formar a Mesa com todas as que vieram aqui para homenagear o Sanseverino, ficaria difícil, realmente, nós nominarmos tantas autoridades. Mas eu quero, antes de começar a ler o texto que preparamos, dizer o seguinte: Sanseverino, a homenagem com este Título de Cidadania antecede ao Top of Mind que você recebeu; então, nós somos os primeiros nesta homenagem que prestamos, e este texto nós fizemos, também, antes que a Cidade reconhecesse você por meio desse prêmio fantástico que é o Top of Mind, que destaca as pessoas, os nomes, as instituições mais lembradas.

Existem algumas pessoas que são consideradas especiais, independente do cargo que, momentaneamente, ocupem. O cargo é um mero pretexto para que elas tratem de uma ou de outra questão, mas, onde elas estiverem, existirá a garantia de qualidade no trabalho executado.

Aqui, hoje, nós estamos homenageando alguém que, com a sua presença, dá dignidade a qualquer cargo ou função que venha a exercer. O Dr. José Sperb Sanseverino nasceu com uma missão que ele desempenha com a melhor qualidade; ele existe para ser fator de transformação deste mundo em um lugar melhor para todos nós. Assim foi o seu desempenho no campo político, quando participou da fundação do PDC - Partido Democrata Cristão -, ou nos outros tantos postos de luta em que já atuou.

Em 1953, foi eleito o primeiro Presidente do Diretório Regional do seu Partido, e foi nessa sigla que o Dr. Sanseverino se elegeu, em 1959, Vereador de Porto Alegre. Três anos depois, chegou à Assembléia Legislativa, vindo a presidi-la em 1965. Foi na condição de Presidente da Assembléia que, por duas vezes, assumiu o Governo do Estado do Rio Grande do Sul.

Em 1968, um ano após encerrado o seu mandato, foi nomeado Juiz Federal no Estado, cargo do qual se exonerou em 1975, oportunidade em que assumiu a Secretaria da Justiça, convidado pelo saudoso Governador Synval Guazzelli. Após cumprir essa tarefa, assumiu o cargo de Procurador-Geral do Estado junto ao Tribunal de Contas, onde se aposentou.

Dono de um passado brilhante, em 1996, a Irmandade da Santa Casa de Misericórdia o elegeu como seu Provedor, a fim de suceder o Cardeal D. Vicente Scherer, falecido em março daquele ano, pessoa a quem toda a nossa sociedade deve homenagens eternas.

Ao analisar as realizações de seu longo mandato, agora renovado, nosso homenageado cita o livro de Eclesiastes ( cap. 3, versículos 3 a 5): “... há um tempo para cada coisa: tempo para demolir e tempo para construir; tempo para atirar pedras e tempo para ajuntá-las”. Lembra Sanseverino: “Com o auxílio de Deus e a competência dos profissionais que servem à Instituição, tivemos a satisfação de redimensionar, ampliando em mais de 60%, as instalações do Hospital Santa Rita, no ano de 2000; de construir o Hospital Dom Vicente Scherer em 2001 e de erguer a nova sede do Hospital da Criança Santo Antônio em 2002, bem como de buscar o seu equilíbrio financeiro”.

Dar continuidade à missão da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia é a principal meta do Dr. José Sperb Sanseverino, reeleito, em dezembro do ano passado, para um terceiro período como Provedor da instituição, agora para o triênio 2003/2005. Diga-se de passagem que o vínculo do homenageado com a Santa Casa remonta a 1955, ano em que, a convite do Provedor da época, Professor Ruy Cirne Lima, nela ingressou como irmão.

Quem conversa com ele nota a sinceridade e a firmeza com que se posiciona. Sabemos que esses são ingredientes essenciais a todo bom político e, com toda certeza, ajudaram-no a construir a fama e a credibilidade adquirida através dos tempos. Mas, apesar de ser homem de decisão, que não admite titubeios, seu semblante encerra uma docilidade que pode ser captada por seus interlocutores, mesmo aqueles que não podem gozar do privilégio de sua presença, mas que travam diálogo com ele através do telefone.

Quando iniciei este texto apologético, denominei o nosso homenageado de doutor. Não o fiz por causa dos seus predicados no campo jurídico, onde ele é um professor, ou por ele ser um mestre em relação aos ensinamentos da vida, mas pronunciei-me assim para adentrar um pouco o seu sonho de criança.

A sociedade, principalmente aquela faixa rotulada como “povão”, confunde a palavra doutor com a palavra médico. Para essas pessoas, doutor não é o advogado ou outro tipo de profissional que concluiu o doutorado, aquele que defendeu tese ou algo semelhante; para essa maioria, doutor é aquele que se formou em uma faculdade de Medicina.

Eu aproveito esta oportunidade para abstrair o termo doutor do seu contexto natural e utilizá-lo neste mundo imaginário dos sonhos. Imaginem uma criança sonhando ingressar num curso de Medicina, com todas as condições para ser um excelente médico, mas que, por uma dessas magias do destino, em vez de Medicina, acaba cursando Direito. Tudo levaria a crer que o sonho desfeito tornaria essa criança, após atingir a idade adulta e ir para os tribunais defender causas jurídicas, e lidar com as leis e mais todas as coisas que faz um advogado, uma criança cheia de frustrações, porque o seu ideal seria exatamente outro: ele sonhava viver dentro de um hospital, ajudando as pessoas, colocando toda a sua influência e conhecimento em prol do alívio das dores e da cura das doenças. Mas esse tal de pensamento possui uma força inimaginável, e acredito ter sido exatamente isso que o endereçou para concretizar seus ideais, mesmo depois de longa atividade no mundo das leis. O Dr. Sanseverino pode ser encontrado hoje na função de Provedor dentro de um dos maiores complexos hospitalares da América Latina,  respeitado e amado por todos como o grande senhor dos destinos de tudo o que por aqui existe.

Nascido no Município gaúcho de Encruzilhada do Sul, em 29 de março de 1925, Sanseverino cursou o ginásio e o colegial no Anchieta, em Porto Alegre, de 1940 a 1946. Em 1947, ingressou na Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, onde se formou em 1951. No ano seguinte, assumiu, a convite do Des. Baltazar da Gama Barbosa, a Secretaria da Faculdade de Direito da PUC. Em 1955, ele se afastou da PUC para ser professor-assistente na disciplina Direito Administrativo, na UFRGS, na qual era titular o Prof. Ruy Cirne Lima. No campo do Direito, seu último cargo foi como Diretor da Faculdade de Direito da UFRGS, no quatriênio 1988/92.

Hoje, nosso homenageado é exemplo de homem público probo e competente, caso raro de pessoas que, em tudo o que tocam com sua mão e inteligência, como se tivessem uma divindade interior, alcançam os resultados esperados por aqueles que mais necessitam de ajuda, tornando perfeita a figura de um verdadeiro doutor, resolvendo os problemas da Santa Casa, ajudando, assim, a aliviar dores e contribuindo na construção de um mundo melhor para todos.

Eu quero dar ao Dr. José Sperb Sanseverino, em nome da Cidade, da Câmara Municipal, de todos que nós representamos, os parabéns, como Cidadão de Porto Alegre, ocupando, agora, uma outra posição, depois de receber este título de cidadania que é, eu acredito, a posição hoje mais almejada por todos os homens que prestam serviço a esta sociedade e que nela se destacam exatamente por causa da excelência dos seus trabalhos.

Foi criado, na Câmara Municipal, o Conselho dos Cidadãos Honorários, um Projeto de nossa autoria já há bastante tempo, que hoje é Lei no Município de Porto Alegre. Essa nossa proposta frutificou, cresceu, e hoje o Geraldo Stédile é o Presidente desta instituição, que é o Conselho dos Cidadãos Honorários. A partir de hoje, esse Conselho, Geraldo, que já é realmente muito grande, muito iluminado, vai ter uma luminosidade ainda bem maior, porque ele passa a receber esta figura extraordinária que a Cidade toda ama e que está hoje sendo reverencianda por meio da entrega deste título, que é o José Sperb Sanseverino, que vai ser nosso Cidadão de Porto Alegre e, também, o novo integrante do Conselho dos Cidadãos Honorários. Eu sei que já há data marcada para uma palestra lá no Conselho, e nós queremos estar presentes para poder ouvir o Sanseverino.

Parabéns, Doutor! Que o senhor realmente possa ter a retribuição divina por tudo aquilo que o senhor já deu em prol desta sociedade, e eu digo, para sintetizar, por tudo aquilo o que o senhor fez em prol da Santa Casa de Misericórdia, transformando esta instituição no maior Complexo Hospitalar da América Latina. Um grande abraço, parabéns a todos vocês, parabéns a todos nós por sermos amigos do Sanseverino! (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Tenho a satisfação de registrar também a presença da nossa querida D. Eva Sopher, que é um pedaço de Porto Alegre; e do Tenente-Médico Giuliano Scornavacca, representando o Hospital da Aeronáutica de Canoas.

Na seqüência, concedo a palavra ao Ver. Beto Moesch.

 

O SR. BETO MOESCH: Exmo. Sr. Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, Ver. João Antonio Dib; Dr. José Sperb Sanseverino, Provedor da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, nosso homenageado de hoje. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.)

Quando o Sanseverino ainda adentrava o plenário, eu brincava com ele que eu tinha obrigação de estar aqui, hoje, pela relação que os meus pais tinham com ele e com a Maria Thereza, sua esposa, e  por sua vida, riquíssima, que o Ver. Luiz Braz – quero parabenizá-lo, Ver. Luiz Braz, pois todos nós Vereadores, ao menos os aqui presentes, com certeza, gostaríamos de ser os autores dessa homenagem que Vossa Excelência teve a felicidade de propor - nos relatou aqui. Acho que poucas pessoas conseguiram escapar do Sanseverino, porque a sua vida foi uma vida realmente riquíssima e repleta. Eu não escapei dela, não só pela relação familiar, que eu descrevi aqui de forma muito sintética, mas porque fui seu aluno na Faculdade de Direito da UFRGS - deTeoria Geral do Estado, Teoria Geral do Direito e Introdução ao Direito – e porque, depois, tive a felicidade de receber de suas mãos o diploma de Bacharel em Direito, quando ele era Diretor da Faculdade. Tive esse privilégio!

O Sanseverino, que também foi Presidente da Assembléia Legislativa do Estado, que foi um dos fundadores do Partido Democrata Cristão, ele, justamente, nessa bagagem toda, nesse seu currículo todo, traz uma filosofia extraordinária, que é uma filosofia muito humana, que zela pela solidariedade e pela subsidiariedade, que, justamente, são os princípios da Doutrina Social da Igreja; por isso, e não por acaso, foi um dos fundadores do Partido Democrata Cristão.

Depois de formado, eu, junto com alguns jovens, fui procurá-lo, ele ainda como Diretor da Faculdade de Direito da UFRGS, porque estávamos iniciando um movimento no Estado do Rio Grande do Sul e no Brasil inclusive - nós temos de ser sempre ousados -, buscando pregar a Doutrina Social Cristã, que é uma doutrina política, que tem uma filosofia própria. O nosso objetivo não era, como o do Sanseverino, implantar um Partido Democrata Cristão, mas era o de constituirmos um movimento político embasado na Doutrina Social Cristã, da qual ele foi um dos maiores líderes, e que teve o seu auge político quando ele era Presidente da Assembléia Legislativa do Estado. Nós chegamos a fazer um seminário com mais ou menos 50 jovens, em que o Sanseverino foi um dos principais palestrantes. Eu só coloco isso para mostrar como o Sanseverino não só tem um currículo riquíssimo, que faz inveja a qualquer um, mas, nessa sua vida toda, ele sempre procurou colocar em prática o princípio da Doutrina Social Cristã ou da Doutrina Social da Igreja. Não é por acaso - e tu foste também muito feliz, Braz, ao fazer a relação do grande jurista que foi e que é o Sanseverino - a relação, que não é coincidente, de estar hoje liderando um dos maiores complexos hospitalares da América Latina, porque ele tem uma vida riquíssima voltada ao humanismo, à humanidade, à solidariedade, história essa, aliás, que também é da Santa Casa, que nasceu da sociedade por meio da Igreja Católica e que, no ápice da sua crise, novamente uma grande figura da Igreja Católica procurou resgatar: D. Vicente Scherer - também homenageado este ano pela Câmara de Vereadores -, que, não por acaso, buscou o Sanseverino para ser um de seus principais colaboradores.

Hoje a Santa Casa, com certeza, necessita da comunidade novamente. A saúde pública está um verdadeiro caos, os repasses do SUS diminuem cada vez mais inclusive para a Santa Casa. Não é por menos que diminuem os leitos, não é por menos que a emergência está sempre lotada. Que bom que o Sanseverino está à frente do Complexo Hospitalar da Santa Casa, que, mais uma vez, está precisando da comunidade, que levantou essa instituição há 200 anos e que não a deixou fechar no ápice da sua crise, quando estava ali D. Vicente Scherer. Agora, novamente - talvez não se tenha dado o chamado ainda, mas é só nós lermos os jornais, ligarmos o rádio e a TV que vamos ver -, a Santa Casa e a saúde precisam da comunidade, porque mais uma vez o poder público não está conseguindo dar a atenção necessária às pessoas mais carentes, como a Santa Casa, nos seus 200 anos, sempre fez.

Sanseverino, o senhor é um exemplo para todos nós, um exemplo para as novas gerações, um exemplo, aliás, que personifica o humanismo, a responsabilidade - como o nosso Presidente João Dib destacou muito bem -, personifica a seriedade, o idealismo e o acreditar que a solidariedade, a parceria, a justiça são possíveis, são realizáveis. Não é por menos que nós estamos aqui, hoje, no auditório da Santa Casa, neste auditório belíssimo - vejam as paredes, vejam a restauração disso tudo, que se deu com lideranças como D. Vicente Scherer, como Sanseverino, mas por meio da comunidade. Não é por menos que nós estamos aqui, hoje; é porque o Sanseverino acreditou nisso tudo, e a realidade está aqui, presente nesta homenagem. Muito obrigado! Parabéns! (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Neste momento, eu concedo a palavra ao Ver. Elói Guimarães, Vice-Presidente da Câmara Municipal, que fala por todos os Partidos que integram a Casa do Povo de Porto Alegre.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Ver. João Antonio Dib, muito digno Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; eminente Professor Dr. José Sperb Sanseverino, Provedor da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre; Exmo. Sr. Arcebispo de Porto Alegre, Dom Dadeus Grings; Exmo. Sr. representante do Tribunal de Justiça do Estado, Desembargador Paulo de Tarso Vieira Sanseverino; Exmo. Sr. representante da Procuradoria Regional da República, Sr. Dr. Francisco de Assis Vieira Sanseverino; Exmo. Sr. representante do Comando Militar do Sul, Coronel Irani Siqueira; Diretor-Geral e Administrativo da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, Sr. Olimpio Dalmagro; Diretor-Médico da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, Dr. Jaques Bacaltchuk; Sr. Presidente do Conselho de Cidadãos Honorários de Porto Alegre, Sr. Geraldo Stédile; Ver. Luiz Braz, proponente desta histórica homenagem. E cumprimentaria o Plenário, na figura da Dona Eva Sopher e de Dom Altamiro Rossato.

Este, Prof. Sanseverino, é um momento profundamente significativo. Quando o autor da homenagem propôs o Título à Casa, todos nos indagamos, senão a maioria: mas, afinal, o Prof. José Sperb Sanseverino não é Cidadão de Porto Alegre? Ficou todo aquele ambiente - Braz, lembra? –, nós nos indagando, porque tínhamos, todos, que o Professor José Sperb Sanseverino já era Cidadão de Porto Alegre. A justiça, muitas vezes, tarda, mas ela sempre chega. E não poderia ser diferente. E eu me fico a indagar, Prof. Sanseverino, se a Casa, a Câmara Municipal de Porto Alegre - Câmara onde V. Sa., por assim dizer, pontificou – estaria diante de um direito ou de um dever, embora nós saibamos aqui, os juristas, advogados, que direito é dever, mas as palavras direito e dever também carregam determinadas significações. O que eu quero afirmar é que a Casa, Ver. Luiz Braz, estava diante de um dever e não de um direito, no sentido da disponibilidade de prestar esta homenagem, fazendo a concessão do Título de Cidadão de Porto Alegre ao Prof. José Sperb Sanseverino. Nós estávamos convocados ao cumprimento do dever, de um dever pela dimensão humana, política do homem que é o Prof. José Sperb Sanseverino, cujos atributos, tantos e tantos, não é muito fácil reunirem-se, muitas vezes, numa mesma pessoa.

Eu trago, Prof. Sanseverino, a incumbência de falar em nome dos formandos da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - da turma de 1967, que se formou em março de 1968 -, posto termo-nos reunido há um mês. Pediram-me os colegas que eu também trouxesse a saudação, o agradecimento, a homenagem a V. Sa., que, na Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, na Pontifícia Universidade Católica e por onde passou, no ensino primário e secundário, formou gerações e mais gerações na sua predestinação de homem que nasceu e vive para fazer o bem.

É um momento, Ver. Luiz Braz, extremamente forte, do ponto de vista emocional, esta solenidade, porque estamos homenageando uma das grandes figuras do Estado, por que não dizer, uma das grandes figuras do nosso País! Pois quem é uma grande figura na sua aldeia, é uma grande figura no Universo, porque o Universo, Professor, é feito das aldeias! Então, senhores e senhoras que testemunham, que paraninfam, por assim dizer, este momento extraordinário a que nós aqui assistimos, é um grande e extraordinário momento podermos, a Casa – e sinalizou o Presidente Ver. João Antonio Dib...

Quem está falando aqui - quando fala o Vereador, é a cidade de Porto Alegre que fala - e quem está agradecendo ao Prof. José Sperb Sanseverino é a cidade de Porto Alegre, pelo muito que V. Sa., nos mais diferentes setores, contribuiu para o engrandecimento, para o desenvolvimento da nossa Cidade e do nosso Estado, Vereador, Deputado, Juiz, Professor, Provedor desta instituição imorredoura, que é a nossa Santa Casa, de histórias, de memórias, de feitos na defesa da vida.

Portanto, Sr. Presidente, homenageado, familiares, estamos aqui, hoje, resgatando um compromisso não de direito, mas o compromisso de dever com uma figura que eu gostaria de expressar numa síntese: nós estamos, hoje, homenageando, aqui, um estadista, um verdadeiro estadista, um homem que vê o horizonte longe, um homem que, com as suas mãos, com a sua ação, com o seu saber, com a sua luta, constrói a grandeza da nossa Cidade, a grandeza do nosso Estado e a grandeza do nosso País!

Portanto, ao encerrar estas palavras, nós queremos, aqui, mais uma vez, dizer que o Prof. José Sperb Sanseverino é dessas figuras humanas em quem, parece, Deus coloca um sopro à sua face, porque nós já o conhecemos – e todos aqui, grande parte, o conhecem – há décadas, e ele está sempre a serviço das mais diferentes causas. Isto que eu estou dizendo é público, notório. Mas essa figura humana, um homem católico, tem, exatamente, essa divinização, que faz com que as pessoas sejam positivas, alegres, criativas! E quando a gente olha para o Professor, a gente sente a esperança; a gente sente, através da virtualidade dessa criatura humana incansável, que continua jovem, que ela haverá de contribuir muito ainda para o desenvolvimento da nossa Cidade, do nosso Estado. E o Presidente do Conselho, que foi colega seu lá na Câmara Municipal de Porto Alegre, o Geraldo Stédile, vai receber um luminar naquele Conselho! Existem grandes figuras no Conselho, como o Prof. Bacaltchuk, que hoje, aqui, também é um integrante da Mesa . Mas creia, Presidente, o Conselho, a partir de agora, receberá uma contribuição moral, intelectual, ética. E eu tenho dito, é o grande Conselho da cidade de Porto Alegre, porque ali está integrado - e passa a integrá-lo o Sanseverino - um verdadeiro quadro de verdadeiros sábios, de homens honrados, dignos, que fazem a grandeza da nossa Cidade e do nosso Estado!

Prof. Sanseverino, que Deus o proteja, que o senhor continue sempre como sempre foi e é, fazendo, com as suas mãos sagradas, com o seu pensamento, com a sua sabedoria, o engrandecimento da nossa terra e da nossa gente. Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): A família é, indiscutivelmente, a célula mais importante da sociedade. Ninguém é homenageado sozinho. É claro que o Dr. Sanseverino divide a sua homenagem com todos os seus familiares. E é por isso que, neste momento, eu peço que o Ver. Luiz Braz, acompanhado da Sra. Maria Thereza Sanseverino, faça a entrega do Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre e a Medalha de Cidadão de Porto Alegre a esta figura extraordinária. (Palmas.)

 

(Procede-se à entrega do Título e da Medalha.) (Palmas.)

 

E, agora, o grande momento: o nosso homenageado vai fazer uso da palavra, Nós estamos ansiosos por ouvi-lo. 

 

O SR. JOSÉ SPERB SANSEVERINO: Exmo. Sr. Presidente da Câmara de Vereadores de Porto Alegre, Ver. João Antonio Dib, permita-me que, no anunciado das autoridades que compõem a Mesa e que se encontram aqui, eu as agrupe duas a duas: Exmo. Sr. Arcebispo de Porto Alegre, Dom Dadeus Grings e Exmo. Sr. Arcebispo Emérito de Porto Alegre, Dom Altamiro Rossato, representantes da minha fé e da minha Igreja; Exmo. Sr. Representante do Tribunal de Justiça do Estado, Desembargador Paulo de Tarso Vieira Sanseverino e Exmo. Sr. Representante da Procuradoria Regional da República, Sr. Dr. Francisco de Assis Vieira Sanseverino - eu diria tudo, se dissesse isto: meus filhos -; Exmo. Sr. Representante do Comando Militar do Sul, Coronel Irani Siqueira; Sr. Representante do V Comando Aéreo – ambos, representantes das Forças Armadas do Brasil -; Sr. Diretor-Geral e Administrativo da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, Sr. Olimpio Dalmagro; Sr. Diretor-Médico da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, Dr. Jaques Bacaltchuk – ambos, companheiros de luta na construção da nossa Santa Casa -; Exmo. Sr. Presidente do Conselho de Cidadãos Honorários de Porto Alegre, Sr. Geraldo Stédile, companheiro de velhas lutas; Senhores Vereadores -  menciono aqui os três que me antecederam na palavra: o Ver. Luiz Braz, o Ver. Beto Moesch e o Ver. Elói Guimarães, que são legítimos representantes do povo desta Cidade e aqui, junto com o seu Presidente, representantes da Egrégia Câmara Municipal da nossa Capital -; demais autoridades presentes nesta solenidade; senhores e senhoras; imprensa; meus familiares, meu filho, minha filha, minhas noras e meu genro, minhas netas e meus netos.

Tudo quanto aqui foi dito é fruto, seguramente, de grandes corações, de pessoas que estão revestidas de autoridade, mas que também são possuidoras de um coração muito grande. Por isso, ouviram os que aqui se encontram a exaltação de uma dimensão que eu não tenho. Sinceramente lhes digo isto: ao longo da minha vida, apenas procurei cumprir com o dever que me foi imposto sobre os ombros. (Palmas.)

Essas palmas são fruto das minhas admiradoras, muito sinceras! Mas vamos ao discurso formal. Este é um momento de rara beleza e de grande emoção que a Câmara Municipal de Porto Alegre proporciona a todos nós. Momento de rara beleza, porque, ao decidir realizar esta Sessão Solene nas dependências da Santa Casa de Misericórdia para outorgar o Título Honorário de Cidadão Porto-Alegrense ao seu Provedor, a Câmara, integrada pelos legítimos representantes da população desta Cidade, presta um tributo do seu reconhecimento a uma instituição que, ao longo de dois séculos de existência, tem, desinteressadamente, servido ao seu povo. Essa história, bissecular, se vincula, inseparavelmente, à história de Porto Alegre, quando, em 19 de outubro de 1803, a Câmara da Vila de Porto Alegre se reuniu para dar execução ao Aviso Real que o Governo Português, a instâncias do Irmão Joaquim Francisco do Livramento, expedira autorizando a criação aqui de um hospital; e praticou-se o ato inicial da sua fundação. A partir dali, a entidade nascente acompanhou, passo a passo, a evolução política, social, econômica e religiosa de Porto Alegre.

Edificada fora dos muros da Cidade, a Santa Casa viu-a crescer na sua direção, envolvendo-a por inteiro. Suas portas, desde a sua inauguração, em 1º de janeiro de 1826, estiveram sempre abertas, como ainda o estão hoje, para acolher os que necessitam dos seus cuidados médico-hospitalares. Salvou vidas, assistiu nascimentos, socorreu órfãos, enterrou mortos, fazendo-se companheira prestimosa de uma população que se afirmava pela luta e pelo trabalho em busca do desenvolvimento, do progresso e da glória.

Momento de grande emoção também é este para mim, ao ser eu incluído honorificamente no rol dos cidadãos desta leal e valorosa cidade de Porto Alegre. O gesto fidalgo do nobre Ver. Luiz Braz ao propor a concessão deste Título, aprovado por esta Colenda Câmara Municipal, trouxe-me de volta à memória e ao coração evocações repassadas de gratidão e de saudade.

Revejo ficarem para trás, numa fria madrugada de junho de 1936, as luzes da cidade de Encruzilhada do Sul, berço amigo dos primeiros alentos de vida, cenário encantado dos sonhos juvenis. Lá permaneceram, correndo pelo arroio, as flores da corticeira e, no chão firme do pátio de nossa casa, a “tropa de ossos” e, na retina, veio comigo a imagem altaneira do cerro partido.

Em verdade, a coragem clarividente do meu pai, o terno apoio da minha mãe e a colaboração de uma tia que sempre morou conosco foram decisivos para que hoje eu estivesse aqui, cercado pelo carinho e pela solicitude de tantos amigos que acorreram para participar deste emocionante momento. Percebendo que os tempos haviam mudado, a decisão de mudança também se impunha. Como filho mais velho de uma numerosa família, eu vi aproximar-se a conclusão do curso primário no Colégio Elementar Borges de Medeiros. Sendo poucos os recursos, advindos do trabalho na alfaiataria, para custear os estudos no internato fora da Cidade natal, fazia-se necessário sair, a fim de que todos os membros da irmandade pudessem estudar. E Porto Alegre foi o destino escolhido. Depois de um longo dia de viagem de caminhão, de trem e de vapor, as luzes desta Cidade sorriram para nos acolher. E o acolhimento foi definitivo.

A providência de Deus abriu, assim, novos caminhos, cujas reviravoltas só o tempo haveria de desvendar, descortinando panoramas de vida. Aqui, então, foi possível estudar, formar-me em Direito, ser professor, militar na política, exercer funções públicas e desenvolver atividades particulares. E coroar toda essa trajetória com o Título de Provedor da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre.

Aqui também conheci a Maria Thereza, esposa carinhosa e inseparável, que vem cuidando de mim - e eu dela - em 48 anos de vida em comum. (Palmas.)

Constituímos a nossa família, formada por uma filha e cinco filhos, cinco noras e um genro, que nos deram sete netas e seis netos, todos reunidos nesta hora de júbilo, para, orgulhosamente, partilharem desta honra que é tributada ao seu marido, ao seu pai, ao seu sogro e ao seu avô.

Junto conosco minha irmã e meus irmãos, vivos e mortos, com seus familiares também são parte deste momento de sincera emoção.

Quando Juiz da 1ª Vara da Justiça Federal, cabia-me entregar os títulos de naturalização aos que optavam pela cidadania brasileira. Indaguei a um senhor, como determinava a norma legal, se ele renunciava à sua cidadania originária para receber a nossa. Ele me respondeu, entre lágrimas, que sim, porque isso lhe possibilitava que se integrasse definitivamente no Brasil, a quem tudo devia. Hoje, sou mais feliz do que aquele novo brasileiro, pois recebo, com honra, o Título de Cidadão de Porto Alegre, a quem muito devo, sem que me seja exigido renunciar a minha cidadania encruzilhadense, que vaidosamente ostento. Eis a razão pela qual, nobre Ver. Luiz Braz, somos-lhe profundamente agradecidos pela sua generosa iniciativa de, com a aprovação unânime da Egrégia Câmara Municipal, tornar-me Cidadão Honorífico de Porto Alegre.

Este agradecimento se torna imperioso que seja feito em nome da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre pela honrosa distinção que lhe foi conferida em transformando um de seus recintos, solenemente, ainda que por momentos, na sede da Câmara Municipal da nossa Cidade.

A todos os que atenderam o convite formulado, às autoridades civis, militares e eclesiásticas aqui presentes, a todos os meus amigos, aos que afanosamente trabalharam para o brilho desta solenidade, o nosso sincero e comovido muito- obrigado por tudo. Que Deus seja louvado e lhes proporcione sempre os melhores dias, que nos hão de conduzir a um mundo melhor e mais feliz! (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Ouviremos, a seguir, a música intitulada “Que Dios te bendiga”, interpretada pelo Coro da Santa Casa de Porto Alegre.

 

(Assiste-se à apresentação.) (Palmas.)

 

E agora nós nos encaminhamos para o encerramento desta tão comovente e justa homenagem. O nosso homenageado disse que agradecia o momento em que a Santa Casa de Misericórdia foi transformada em Câmara Municipal. Dr. Sanseverino, a vida é feita de momentos e Vossa Senhoria está vivendo, sem dúvida nenhuma, um momento muito feliz, pois aí estão os seus amigos, aí está a Cidade de Porto Alegre, aí os estão seus familiares reconhecendo os seus méritos, e nós esperamos que este momento de felicidade lhe dê forças para continuar fazendo o que Porto Alegre exige. Continue trabalhando como fez até aqui pela sua Cidade, pelo seu Estado, pelo seu País e também pela sua família, que têm tantos netos “bonitinhos”. Saúde e paz!

Neste momento convidamos todos os presentes a ouvirmos o Hino Rio-Grandense, executado pelo Coro da Santa Casa de Porto Alegre.

 

(Executa-se o Hino Rio-Grandense.)

 

Agradecemos a presença de todos e damos por encerrada a presente Sessão Solene.

 

(Encerra-se a Sessão às 20h23min.)

 

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